Aquecimento global pode fazer ressurgir ‘vírus zumbi’, congelados há quase 50 mil anos

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Aquecimento global pode fazer ressurgir ‘vírus zumbi’, congelados há quase 50 mil anos
© Envato

Equipe brasileira faz uma expedição para estudar os organismos

Com o derretimento das geleiras, provocado pelo aquecimento global, os vírus conhecidos como zumbi, que estavam congelados há quase 50 mil anos, podem voltar a contaminar a humanidade. Pesquisadores franceses já identificaram pelo menos 13 tipos de vírus nas regiões polares que podem voltar à vida. No Brasil, cientistas também investigam o impacto do fenômeno.

Acompanhe a reportagem de Luiz Gustavo.

Os polos da Terra estão cada vez menos brancos. A explicação vem de um alerta dos cientistas: o Ártico e a Antártida estão se aquecendo duas vezes mais rápido que o resto do planeta. As consequências aparecem na transformação da imagem ou na presença de intrusos antes avessos a ambientes gelados.

Na primeira expedição científica brasileira ao Polo Ártico, os pesquisadores testemunharam por duas semanas os preocupantes efeitos do aquecimento global no maior gelo marinho do mundo. O olhar atento da ciência não estava apenas na beleza daquilo que se vê e sim nos mistérios que o gelo esconde.

Debaixo das calotas geladas, vidas desconhecidas começam a despertar. Por onde passou, o grupo brasileiro coletou microorganismos que já acordaram ou que ainda podem surgir.

As amostras coletadas pelos cientistas do Ártico estão sendo analisadas em laboratório. A intenção é encontrar respostas para as perguntas sobre a vida nas regiões polares, incluindo a diversidade de fungos e bactérias ocultas sob as camadas de gelo e as possíveis consequências para a humanidade, animais e agricultura. Até o fim deste ano, os pesquisadores esperam concluir o estudo.

O professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que estava na missão, explica por que microorganismos aparentemente mortos podem ressurgir e o risco desse fenômeno.

Organismos que ficam congelados nessa região aprisionados e congelados, com derretimento, eles serão liberados. Então nós podemos ter pestes agrícolas, organizamos que causam doenças em animais e em seres humanos. Nós vamos ter alguns microrganismos que produzem metano, o que intensifica o aumento das mudanças climáticas.

Luiz Henrique Rosa, professor do departamento de Microbiologia da UFMG

O pesquisador considera preocupante a possibilidade de renascimento do que, aparentemente, estava morto.

Seis meses atrás, cientistas franceses encontraram na Sibéria, na pele e no estômago de um mamute, um animal já extinto, um vírus que estava congelado há 48 mil anos.

É o local mais propício para a conservação da matéria orgânica, que mata os micróbios que vivem abaixo do solo. O Permafrost não tem luz, não tem oxigênio e obviamente é frio. Então, se você colocar, por exemplo, um iogurte e voltar 40 milhões de anos depois, ele ainda estará bom para consumir.

Jean-Michel Claverie, cientista

Descongelado em laboratório, o vírus infectou uma ameba e foi chamado de vírus zumbi, porque volta depois de estar aparentemente sem vida.

Estamos conscientes dos riscos. Porque, quando fazemos a análise dos DNAs completos, nós vemos os vírus capazes de infectar os humanos e os animais. Então nós temos de instalar sistema de segurança, uma espécie de cordão sanitário do ártico, para que não tenhamos novas doenças, que podem ser mortais.

Jean-Michel Claverie, cientista

Os cientistas torcem para que os estudos forcem os governantes a adotarem políticas públicas capazes de salvar o Polo Ártico que agoniza.

O Ártico e a Antártica representam os refrigeradores do planeta via oceano. Eles vão controlar e mediar a temperatura do planeta. Se continuar essas emissões de poluentes, a tendência é ele descongelar de uma forma inevitável.

Luiz Henrique Rosa, professor do departamento de Microbiologia da UFMG

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