Especialistas alertam para os riscos que o Brasil corre ao se alinhar ideologicamente à China

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Especialistas alertam para os riscos que o Brasil corre ao se alinhar ideologicamente à China
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Especialistas em Relações e Direitos Internacionais alertam para os riscos que o Brasil corre ao se alinhar ideologicamente à China

Trinta anos de crescimento acima da média mundial transformaram a China na 2ª maior economia do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos.

O país asiático é o que mais exporta produtos e tem o maior mercado consumidor. A ditadura comunista encontrou no capitalismo o caminho para o desenvolvimento e adotou como estratégia ampliar a presença de empresas de investimentos chineses pelo mundo.

O professor Roberto Dumas trabalhou cinco anos na China, conhece bem o país e diz que a força da economia lá oferece oportunidades para outros países, como o Brasil.

O Brasil é o principal parceiro da China, ou seja, 27% de tudo que a gente vende, vai para a China, 73% da minha carne bovina vai para China, 69% da minha soja vai para China, 63% do meu minério de ferro vai pra China. Então, 15% do que eu exporto vai para a União Europeia e 15% para os Estados Unidos. Então é natural que o governo agora que está assumindo, ou seja, já faz 100 dias, visite o maior parceiro comercial.

Roberto Dumas, professor de economia chinesa

Para investimentos chineses trazerem resultados realmente positivos na economia brasileira, segundo especialistas, é preciso conduzir a negociação dessas parcerias com habilidade para evitar o risco de fechar acordos que sejam mais vantajosos para a China do que para o Brasil, como já aconteceu com outros países.

Em países africanos, por exemplo, houve grandes investimentos em infraestrutura que não levaram ao resultado esperado no mercado de trabalho, lembra a professora Ligia Costa. Foram principalmente os chineses que ficaram com os empregos.

O único problema que se deve tomar cuidado é que o investimento venha, mas que não venha acoplado com o envio de mão de obra, porque foi esse o modelo que o governo chinês utilizou na África. A hora que fez o investimento, enviou o dinheiro, fez o financiamento para construção das obras de infraestrutura, mas junto a esses contratos vieram acoplados o envio de mão de obra chinesa.

Ligia Costa, especialista de Direito Internacional

O professor Roberto Dumas faz outro alerta. Disse que a cooperação econômica não pode levar a um alinhamento político com a China, ganhando influência sobre o Brasil. Isso geraria atrito com outro grande parceiro, os Estados Unidos.

Existe uma rusga tremenda entre Estados Unidos, que é o meu principal parceiro de investimento direto, e China e não cabe ao Brasil tomar posição em nenhum momento.

Roberto Dumas

Os especialistas alertam que a simpatia ideológica do atual governo pelo regime chinês não pode influenciar os acordos comerciais.

“Eu sou brasileiro. Eu quero fazer negócios em benefício do Brasil. Não em benefício da ideologia norte-americana ou da ideologia chinesa. Não é para isso que o governo foi para lá.”

“Não é porque ele é meu parceiro comercial que, em violação dos Direitos Humanos eu vou me posicionar ao lado dessa violação dos Direitos Humanos.”

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