Entrevista: Tensão entre Taiwan e China aumenta após exercícios militares

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Entrevista: Tensão entre Taiwan e China aumenta após exercícios militares
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A tensão é grande entre Taiwan e China

O governo de Pequim simulou cerco marítimo de Taiwan durante o terceiro dia de manobras militares ao redor da ilha. De acordo com o canal estatal chinês, dezenas de aviões equipados com munição real simularam um bloqueio aéreo de Taiwan e ataques contra alvos importantes.

O Japão disse que aeronaves da China também se aproximaram de territórios do país. Os exercícios militares são uma resposta à visita da presidente de Taiwan aos Estados Unidos.

Para entender melhor a situação na Ásia, Marcos de Freitas, Professor Visitante de Relações Internacionais da Universidade da China, participou de uma entrevista.

O senhor acredita que a China realmente atacaria Taiwan?

Eu acredito que não, por dois motivos fundamentais. Em primeiro lugar, como a gente já viu na reação da Comunidade Internacional quanto ao que aconteceu na questão da Ucrânia, (…) haveria um arsenal de sanções e que poderiam prejudicar o crescimento da China.

Em segundo lugar, Taiwan tem uma relevância econômica, mas não essencial para o processo de desenvolvimento chinês. E, levando em consideração que o governo de Pequim tem o objetivo de chegar a uma renda per capta de 20 a 25 mil dólares em 2049, isso pode afetar profundamente o processo de crescimento econômico chinês.

Qual é a importância de Taiwan?

Os chineses têm um período que eles chamam de ‘100 anos de Humilhação’ que começa nas guerras do ópio. Uma das coisas que os ingleses fecharam, justamente, foi o acesso ao mar. Então, o problema é que a China tem ali uma costa e nessa costa eles colocaram toda a sua produção econômica, a sua grande grande plataforma de exportação e é importante que eles controlem a situação ali para, justamente, evitar que Taiwan seja utilizada, ou Japão, as Filipinas no sentido de impedir que saiam os produtos chineses dali ou mesmo que eles possam ter uma ação militar.

Então Tawian tem uma posição estratégica pelo histórico e também pela posição que ocupa dentro do território.

Como é possível fundir uma República Ditatorial a uma República Democrática?

É aquela famosa questão daquilo que você define como democracia. Se você perguntar para os chineses, eles vão dizer para você e em todos os documentos eles afirmam que estão em uma democracia. A grande questão é a forma como nós entendemos como democracia.

Diferentemente de outros lugares no mundo, a China conseguiu historicamente sobreviver com a política de um país e dois sistemas. Então a narrativa seria nesse sentido: de reabsorver Taiwan, mantendo ali as suas regras e, com isso, dando autonomia necessária.

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