Entrevista: Adriane Galisteu fala sobre a sua carreira como apresentadora

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Entrevista Adriane Galisteu fala sobre a sua carreira como apresentadora
Adriana Galisteu | Antonio Chahestian

Adriane Galisteu, modelo, atriz e apresentadora, é uma verdadeira ‘rainha dos reality shows’. Iniciou a carreira de modelo aos 13 anos e, posteriormente, começou a trabalhar como apresentadora de televisão, estreando-se em 1995 no programa ‘É Show’, da Record TV.

Ela esteve em uma conversa bem animada com André Carvalho e Filipa Sampaio.

[Filipa Sampaio] – Adriane, você tem muitas facetas, enquanto escritora, modelo, atriz… Como é que nasce a sua paixão pela comunicação?
Quando era pequena, eu usava uma escova de cabelo como microfone. Entrevistava as minhas bonecas, as minhas amigas, a minha família. Desde pequena, quando eu me imaginava a trabalhar, via-me na televisão. Não sabia exatamente como fazer nem como seria, mas vi-me desde sempre a trabalhar em televisão de alguma forma. E eu tive essa oportunidade aos nove anos, com o Silvio Santos. Ele criou um grupo infantil musical, que cantava a trilha sonora de uma novela. Fui participar no casting e passei – e comecei com nove anos cantando. Foi assim que eu comecei a me apresentar nos programas de televisão, cantando. Acabou a novela e esse grupo, mas depois entrei em um outro grupo também dirigido pelo próprio Silvio Santos – e fiquei mais quatro anos. Então, a minha experiência com televisão começou muito cedo e eu tive a certeza de que aquela menina que brincava de entrevistar as bonecas morava dentro de mim e tinha de lhe dar vida para continuar o meu trabalho. E foi assim que despertou em mim, ainda muito criança, a certeza de que eu estava no caminho certo. É claro que eu andei por caminhos muito difíceis – e não foi fácil!

Entrevista Adriane Galisteu fala sobre a sua carreira como apresentadora
A apresentadora na coletiva de imprensa de ‘A Fazenda’ | © Edu Moraes

[André Carvalho] – Assim dá para perceber que, desde muito pequena, você pelos seus sonhos, pela sua carreira e isso são características que, hoje em dia, usa quando está trabalhando, apresentando ‘A Fazenda’ ou o ‘Power Couple’. Aquela determinação de levar os projetos para a frente são marcas fortes da sua personalidade?
São! Eu sou completamente apaixonada pela televisão. Claro que a minha primeira experiência como apresentadora foi na MTV e lá eu tive a verdadeira sensação da diferença de aparecer e trabalhar em televisão. Há muitas diferenças. Lá eu tive uma escola muito boa que foi a MTV e na sequência fui para a Record TV. Tive uma experiência na Record TV há muitos anos com um programa chamado ‘É show’. Era ao vivo, diário, e depois passou a ser duas vezes por semana. Mas eu nunca consegui me imaginar fazendo outra coisa. Tive momentos fora do ar, passei por outras emissoras, mas o meu foco foi sempre ficar na televisão, ser apresentadora. Eu faço muitas coisas: teatro, novelas, tenho as minhas redes sociais que me tomam muito tempo, o meu canal no YouTube… Hoje tenho o meu avatar também, que é a Galis, que precisa de cuidado e tempo. Mas o meu grande amor, a minha grande paixão é a televisão. E para quem não sabe eu fui sempre viciada em reality shows. Desde que estreou no Brasil, este formato de programas é um fenômeno, um sucesso. Acho que os brasileiros são tão loucos por reality shows que eu me arrisco a dizer que é o público que mais ama este tipo de formato no mundo. Eu vejo uma novela da vida real todos os dias e sou um das pessoas que são fãs de reality shows. Por isso, eu fiquei muito feliz com o presente de poder apresentar ‘A Fazenda’, que é o meu reality show preferido. Não é porque eu o apresento, é porque como fã, como telespectadora, eu já amava ‘A Fazenda’.

[F.S.] – Ainda lhe dá aquele ‘friozinho na barriga’ cada vez que abraça um novo projeto para apresentar? E como se prepara para o mesmo?
Eu aprendi com a ‘diva master’, a Bibi Ferreira… Ela ficou nos palcos até os 95 anos e eu tive a honra e o prazer de trabalhar ao lado dela, de aprender muito com a Bibi nos palcos. E eu vi aquela mulher tão talentosa, tão poderosa com ‘borboletas na barriga’, nervosa antes de começar um espetáculo. E um dia eu lhe disse: ‘Mas Bibi, são anos de espetáculo!’ E ela respondeu: ‘O dia que eu não ficar nervosa, o dia em que isto não me der essa sensação, não posso fazer mais. Porque a televisão e o palco têm de lhe dar essa sensação de nervosismo, de alegria, de adrenalina’. Então, em todos os projetos que eu começo, em todas as estreias, eu estou sempre nervosa. E programas ao vivo, que é o que eu gosto de fazer, eu acho emocionante. Temos o brilho nos olhos, há erros, que podem acontecer com qualquer um de nós o tempo todo – e temos de saber lidar com isso… Eu gosto muito de televisão, ao vivo, e de realities. E fico sempre com essa sensação de nervosismo de estreia, como se fosse a primeira vez.

[A.C.] – E como é quando os participantes começam a discutir ao vivo? Como lida com esses momentos mais tensos?
Por ser fã, tenho vontade de ir lá e começar aos gritos. Mas, ao mesmo tempo, eu não posso cortar a discussão, porque aquilo também faz parte da novela da vida real. Quando as pessoas falam da última edição de ‘A Fazenda’ – que foi muito difícil, turbulenta, com pessoas que causam confusão a toda a hora, que já entraram discutindo… – eu respondo: ‘Tudo bem, isso faz parte do reality’. Antes de estar confinado ninguém imagina do que é capaz. As pessoas não sabem do que são capazes, e como vão reagir a determinadas coisas. Quando me perguntam ‘Adriane, entraria num reality?’, eu respondo ‘não sei’ – até poderia entrar, mas acho que teria muito medo de ser julgada logo. Porque eu não sei como reagiria com uma pessoa me incomodando a toda a hora, fazendo de propósito para me chatear. Porque a ideia do reality é mesmo essa, eliminar os participantes para chegarmos lá. Só um vai vencer, só um ganha. Também faz parte da estratégia o terror psicológico, irritar os colegas. Para mim, como fã de reality eu gosto da parte da discussão. Como apresentadora eu tenho de impor ordem na casa, mas também não posso ser aquela ‘tia chata, tipo professora’… eu também quero participar na discussão. Então, eu fico ‘entre a cruz e a espada’ – fico obedecendo ao diretor, grito, vou lá dizer para pararem… É assim que funciona. Também é um reality para apresentar, não é só um reality para quem está dentro do confinamento. Porque bem ou mal, o dia em que começa ‘A Fazenda’, até o final, ou o dia em que começa o ‘Power Couple’, até o final, eu me confino com eles. O lugar em que gravamos, em que fazemos o ao vivo, é a uma hora e meia de São Paulo, que é a cidade onde eu moro. É longe daqui, então eu vou todos os dias muito cedo e volto de madrugada para casa. Então, eu fico praticamente três meses confinada com eles. É uma sensação muito diferente, muito engraçada. Aproveito para deixar um convite: quando começar ‘A Fazenda’ acompanhem um dos meus dias para saberem como é a minha rotina… [risos]

Entrevista Adriane Galisteu fala sobre a sua carreira como apresentadora
Adriane Galisteu é um dos rostos mais conhecidos da televisão brasileira | © Edu Moraes

[F.S.] – E agora quero saber, de todos os projetos que já apresentou, qual foi o que mais lhe desafiou e porquê?
É ‘A Fazenda’, não tenho dúvidas, digo isto tranquilamente. Porque ‘A Fazenda’ já existia e já tinha sido apresentada por pessoas muito competentes e brilhantes. Por exemplo, o Marcos Mion que apresentou antes de mim, que brilhou em ’A Fazenda’, e foi incrível. Ele é um amigo querido e eu entrei para o substituir. Assim como no ‘Power Couple’, eu entrei para substituir o Gugu, que também brilhou no ‘Power Couple’. Então, começou o desafio de poder encontrar a minha forma de apresentar, de encontrar o meu caminho como mulher a apresentar um reality show. Porque no Brasil fui a pioneira, só homens apresentavam realities. Então, eu carrego isso: ser a primeira mulher a apresentar um reality deste tamanho. Mas também tive um momento inicial difícil em encontrar o meu tom, a minha maneira de ser com os participantes. E eu não tinha noção, apenas como fã e espectadora, do quão difícil era apresentar ‘A Fazenda’. Porque, apesar de conhecer todas as dinâmicas e de saber como funciona, por assistir desde sempre, eu nunca tinha trabalhado com dois diretores no ponto. São duas pessoas mandando a partir de lugares diferentes, então, além de falar com os participantes, eu estou ouvindo mais duas pessoas.

[A.C.] – Como é que num reality destes, você lida com as críticas sobre a sua apresentação?
Esta Fazenda deixou-me realmente impressionada com o quanto as pessoas se envolvem, tal como acontece num jogo de futebol. As confusões dos jogos de futebol, a raiva que têm e como criticam os árbitros e todo mundo. Eu também torço para um time de futebol – o Palmeiras – e quando o árbitro marca uma falta contra a minha equipe eu fico irritada, mesmo que ele tenha razão. Mas é uma paixão. Eu juro que fico preocupada, porque eu não quero que as pessoas sintam raiva de mim, não quero que me envolvam em mentiras, porque muitas vezes inventam histórias, fake news para poderem criar votações – e eu não quero o meu nome envolvido nisso. Porém, eu entendo que aquele momento, em que eles estão se zangando comigo e me criticando nas redes sociais, tem a ver com paixão. Tem a ver com essas confusões dos jogos de futebol, em que há dois lados e esta última ‘Fazenda’ dividiu o país. O Brasil ficou dividido, a casa ficou dividida, ‘A Fazenda’ tinha a equipe A, a equipe B e no final já tinha a equipe C. Foi muita confusão, que passou com força para as redes sociais. Mas acho que isso tudo também faz parte – e eu lido com isso be, porque levo as coisas para esse lado, de não achar que é pessoal. Não carrego isso comigo, pois tento ver que como as pessoas estão apaixonadas, estão com raiva do árbitro. Eu coloco isso na cabeça para me defender – acho que é como uma autodefesa.

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