Exclusivo: equipe do JR identifica composição química das drogas K

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Exclusivo equipe do JR identifica composição química das drogas K
D.R.

Uma nova droga se espalha pelo centro de São Paulo e preocupa autoridades de saúde

Os efeitos são devastadores para quem consome. Podem ser piores até que os causados pelo crack.

O ‘Jornal da Record’ revelou uma informação exclusiva sobre as drogas K. A produção do programa conseguiu identificar uma das moléculas que fazem parte da composição do entorpecente.

Imagens exclusivas mostram as drogas K em diferentes versões: em pó, pedras e na forma líquida. São muitas variações e também nomes diferentes: K2, K4, K9 e Spice. Entorpecentes geralmente usados como cigarro misturados com o tabaco ou com ervas. Os criminosos conseguem colocar a droga até numa folha de papel que é picada. Uma pequena quantidade pode ser o suficiente para dezenas de doses. E os efeitos são devastadores.

As drogas sintéticas são produzidas em laboratório. Especialistas são unânimes em dizer que o termo ‘maconha sintética’ está errado. Quem usa, pode até sentir efeitos parecidos com o da maconha, mas as drogas K são mais potentes e nocivas.

No mundo todo, foram identificadas ao menos 700 fórmulas. O ‘Jornal da Record’ teve acesso a uma delas que está na mira das autoridades brasileiras.

E o mais grave! Algumas substâncias usadas no preparo são tão tóxicas que podem levar à morte no primeiro uso.

É uma substância extremamente prejudicial, extremamente danosa à saúde. Imagina um veneno misturado com outras coisas. É mais ou menos isso.

Ronaldo Sayeg, Diretor do Departamento de Investigações sobre narcóticos

Um dos processos de produção é a diluição do pó. Os criminosos pegam um frasco de acetona e um outro produto químico que é usado como solvente de tinta e desengordurante de uso doméstico e misturam com a droga. Esse líquido é usado para ser borrifado em porções de maconha. Para enganar a fiscalização, criminosos também mergulham folhas de papel na solução para não chamar a atenção.

A Polícia de São Paulo afirma que ainda não encontrou um responsável pela produção da droga. As investigações apontam que tudo é feito de maneira caseira e amadora, o que aumenta os riscos para quem consome.

Esse tipo de droga sintética começou a ser estudado em 1965. Vinte anos depois, foi autorizada a produção de um medicamento com substâncias derivadas da cannabis, a planta da maconha.

Em 2008 aconteceu a primeira apreensão de drogas K na Europa. Desde então, 250 fórmulas foram identificadas por um centro europeu que monitora as apreensões em 29 países.

Investigações apontam que a droga sintética é produzida na China e na Índia. De lá segue para Europa, Estados Unidos e países da América do Sul. Para não chamar a atenção das autoridades, os criminosos costumam negociar usando os nomes das moléculas, cobram em dólar ou em euro e prometem entrega rápida e segura.

As transações são sempre pela Internet, nas redes sociais ou grupos de mensagens.

A equipe de reportagem conversou com uma mulher que se apresenta como fornecedora. Ela usa um número de telefone da China e promete enviar entorpecentes para o Brasil em até 10 dias. O valor é de quase R$ 9 mil por quilo da droga.

Em um grupo com quase sete mil pessoas, outro vendedor diz que entrega no Canadá, na Austrália, na Europa, a Ásia e na América do Sul e promete reembolsar o cliente caso haja qualquer complicação.

“A satisfação e a segurança são as prioridades”, ele escreve.

Cem gramas da droga são vendidos por quase R$ 2 mil. Na Praça da Sé, um pino custa R$ 10.

A falta de dados nacionais sobre o número de dependentes e de morte resultantes das drogas K dificulta a criação de medidas de combate ao tráfico e assistência aos usuários.

Assista à reportagem!

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