Seis pessoas são presas em operação para apurar supostas fraudes na vacinação do ex-presidente
Uma operação para apurar suspeitas de fraude no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro acabou com seis pessoas presas em Brasília e no Rio de Janeiro. Entre elas, Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro. A Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente. O telefone celular dele foi apreendido.
A operação foi autorizada pelo Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, por investigar supostas informações falsas inseridas nos sistemas do Ministério da Saúde sobre a vacinação contra a covid-19.
No relatório da Polícia Federal, a investigação aponta a emissão de certificados de vacinação contra a covid-19 no Conecte Sus com o nome de usuário do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Um dos documentos foi emitido em 22 de dezembro do ano passado, um dia depois da inserção de dados supostamente falsos no sistema.
A PF rastreou que um dos acessos para a emissão do certificado de vacinação falso aconteceu de um computador com registro dentro do palácio do planalto. A suposta fraude teria ocorrido dias antes da viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos, no fim do mandato presidencial.
Os dados foram posteriormente retirados do sistema, só que em 27 de dezembro.
Segundo os investigadores, a fraude também teria ocorrido em dados de vacinação da filha de Bolsonaro, de 12 anos, e de assessores dele. O motivo da suposta fraude nos documentos de vacinação seria a exigência por parte do governo americano de imunização contra a covid dos estrangeiros que viajam ao país.
Por determinação do Ministro Alexandre de Moraes, o celular do ex-presidente foi apreendido. O ministro também autorizou a retenção do passaporte de Bolsonaro, mas a PF entendeu que não havia risco de fuga e não apreendeu o documento.
O passaporte está no poder do presidente. O presidente nunca acessou, o presidente nunca soube a senha, o presidente nunca manuseou o Gov.br. Não houve nenhum pedido [de certificado de vacinação], até porque para o Presidente da República não há obrigatoriedade de nenhum certificado.
Fabio Wajngarten, assessor de Bolsonaro
Segundo a investigação, todo esquema teria sido comandado pelo Ajudante de Ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, preso na operação de hoje. A PF também prendeu outros dois assessores do ex-presidente, Max Guilherme e Sérgio Cordeiro. Foi preso ainda o secretário municipal de Duque de Caxias, João Carlos de Souza Brecha, suspeito de ter incluído informações falsas sobre a vacinação do presidente no Sistema Único de Saúde.
Em um cofre na casa de Mauro Cid, os agentes apreenderam cinco mil dólares e 16 mil reais em espécie. Ao todo, o equivalente a quase 192 mil reais.
Todo o material levado das casas do ex-presidente do ex-ajudante de ordens será periciado. Moraes deu o prazo de 60 dias para que a PF apresente relatório sobre o conteúdo dos celulares e computadores apreendidos.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que colabora com as investigações e que todas as informações inseridas no sistema são rastreáveis e não há registro de invasão aos dados. As defesas das pessoas presas na operação não responderam ao contato do ‘Jornal da Record’.
Ex-presidente Jair Bolsonaro nega fraude e diz que nunca tomou a vacina
O ex-presidente Jair Bolsonaro negou ter cometido qualquer crime. Documentos e o celular dele foram levados pela Polícia Federal. Bolsonaro também foi intimado a prestar depoimento nesta manhã (3), mas a defesa argumentou que ele só falaria depois de acessar o processo, o que aconteceu apenas no fim da tarde.
Jair Bolsonaro e a ex primeira-dama, Michele, estavam em casa às 7h quando os agentes da Polícia Federal chegaram para cumprir os mandados de busca e apreensão. A PF ficou por três horas no condomínio onde o presidente mora em Brasília.
Bolsonaro, mais uma vez, disse que não tomou a vacina.
A minha esposa foi em 2021 vacinada nos Estados Unidos, com a Jansen. Foi documentado. E a minha filha, Lara, que respondo por ela, doze anos, também não tomou a vacina. Então, em momento nenhum eu falei que tomei a vacina. Eu não tomei, não. Realmente, eu fico surpreso com uma busca e apreensão.(…) Eu não tomei a vacina e ponto final.
Jair Bolsonaro
Documentos e o celular do ex-presidente foram levados pela Polícia Federal.
Jair Bolsonaro foi intimado a prestar depoimento no mesmo dia, mas a defesa disse que ele só iria falar quando tiver acesso ao processo.
Aliados do ex-presidente reclamaram também do fato de a Procuradoria Geral da República não ter visto necessidade da operação na casa de Jair Bolsonaro e, mesmo assim, ela ter sido autorizada pelo Ministro, Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Depois de deixar sua casa, Bolsonaro passou quase todo o dia na sede do Partido Liberal em Brasília.
De acordo com fontes do governo americano, o ex-presidente foi três vezes aos Estados Unidos no ano passado com o passaporte diplomático. A última delas em 30 de dezembro, penúltimo dia do governo. Nesse caso, Bolsonaro não era obrigado a apresentar comprovação de vacinação. Em janeiro, o visto dele foi substituído pelo de turistas. Para turistas estrangeiros a vacinação é exigida antes da viagem. O ex-presidente ficou quase 90 dias em Orlando, no estado da Flórida. Menores de dezoito anos, como a filha dele Laura, não são obrigados a se vacinar.
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